quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sibylle Baier - I Lost Something in the Hills


"...where is it that fills the deepness I feel?"

"...I know further west these hills exist
marked by apple trees, marked by a straight brook
that leads me wherever I want it to
well, I lost something in the hills..."




Podíamos imaginar Mila cantando: "Onde esta o que preenche o vazio que sinto?". Nas colinas do planeta verde, certamente.

I Lost Something in the Hills
(Sibylle Baier)

"every time I shed tears
in the last past years
when I pass through the hills
oh, what images return
oh, I yearn
for the roots of the woodds
that origin of all my strong and strange moods
I lost something in the hills
I lost something in the hills
I lost something in the hills

I grew up in declivities
others grow up in cities
where first love and soul takes rise
there where times in my life
when I felt mad and deprived
and only the slopes gave me hope
when I pass through the leg high grass I shall die
under the jasmin I shall die
under the elder tree
and I need not prepare for a new coming day
where is it that fills the deepness I feel
You will say I'm not Robin the Hood
But how could I hide from top to foot
that I lost something in the hills
I lost something in the hills
Oh I lost something in the hills

Now I lean on my window sill
and I cry, though it's silly
and I'm dreaming of off and away
oh, I know further west these hills exist
marked by apple trees marked by a straight brook
that leads me wherever I want it to
well, I lost something in the hills
I lost something in the hills
oh, I lost something in the hills"

Cara a Cara (Chico Buarque) - MPB-4

"...Tenho um metro quadrado
Um olho vidrado
E a televisão
Tenho um sorriso comprado
A prestação..."




Quem canta é  o nosso amigo motorista, antes da desconexão, é claro.

Cara a Cara
(Chico Buarque)

"Tenho um peito de lata
E um nó de gravata
No coração
Tenho uma vida sensata
Sem emoção
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nos versos desta canção
Inútil

Tira a pedra do caminho
Serve mais um vinho
Bota vento no moinho
Bota pra correr
Bota força nessa coisa
Que se a coisa para
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Bota lenha na fornalha
Põe fogo na palha
Bota fogo na batalha
Bota pra ferver
Bota força nessa coisa
Que se a coisa para
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara

Tenho um metro quadrado
Um olho vidrado
E a televisão
Tenho um sorriso comprado
A prestação
Tenho uma pressa danada
Não paro pra nada
Não presto atenção
Nas cordas desse violão
Inútil

Tira a pedra do caminho (etc.)

Tenho o passo marcado
O rumo traçado sem discussão
Tenho um encontro marcado
Com a solidão
Tenho uma pressa danada
Não moro do lado
Não me chamo João
Não gosto nem digo que não
É inútil

Tira a pedra do caminho (etc.)

Vou correndo, vou-me embora
Faço um bota-fora
Pega um lenço agita e chora
Cumpre o seu dever
Bota força nessa coisa
Que se a coisa para
A gente fica cara a cara
Cara a cara cara a cara
Com o que não quer ver"

Townes Van Zandt - High, Low And In Between

"All things at our life
are brothers in the soil
and in the sky"




High, Low and In between
(Townes Van Zandt)

I come from a long line
high and low and in between
same as you
hills of golden
hails of poison
time's thrown me through
and I believe I've come to learn
that turnin' round
is to become confusion
and the gold's no good for spending
and the poison's hungry waiting

What can you leave behind
when you're flyin' lightning fast
and all alone?
Only a trace, my friend,
spirit of motion born
and direction grown.
A trace that will not fade
in frozen skies
your journey will be
and if her shadow doesn't seem much company
who said it would be?

There is the highway
and the homemade lovin' kind
the highway's mine
and us ramblers are getting the travelling down
you fathers build with stones
that stand and shine
heaven's where you find it
and you can't
take too much with you
all that daddy, don't you listen
it's just this highway talkin'

All things at our life
are brothers in the soil
and in the sky
and I believe it
with my blood

if not my eyes
I don't know why we can't
be brothers here
I know we should be
answers don't seem easy
and I'm wonderin'
if they could be

Mural

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Céu - Falta De Ar

"...pro ser humano, viver é pouco..."



"Foguete é osso" é uma clara alusão ao filme "2001, uma odisseia no espaço", com a clássica transição dos hominídeos primitivos aos seus consequentes, onde um pedaço de osso atirado ao ar transforma-se numa nave espacial.

Falta de Ar
(Gui Amabis)

"Isso me dá falta de ar
Não tem nada a ver com você
A má qualidade do ar me faz compreender
Esse papo que gira aí
Que o mundo tem que crescer

Crescer até tocar a lua
Em marte eu vou descer
Mesmo que eu tenha criado
Um traje especial
Que me permita viagens
Em modo espacial
Ainda não voo
Foguete é osso
Pro ser humano
Viver é pouco
"

A Terra tem limites...

"A Terra tem limites, mas a estupidez humana é ilimitada."
(Gustave Flaubert, carta a Guy de Maupassant, fev. de 1880)


"La Terre a des limites, mais la bêtise humaine est infinie."
(Gustave Flaubert, carta a Guy de Maupassant, fev. de 1880)

domingo, 16 de dezembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

Gente que mantém...

"Gente que mantém
pássaros na gaiola
tem bom coração.
Os pássaros estão a salvo
de qualquer salvação."
[p. leminski]

sábado, 1 de dezembro de 2012

Surviving Progress [Sobreviver ao Progresso]

"Quando a história se repete,
o preço sobe..."
Olá! Nesse post, além de dar uma sugestão de documentário, também gostaria fazer algumas observações, apontando analogias do doc sugerido com alguns pontos de La Belle Verte. Vou me ater sobretudo à fala de Robert Wright (ver a tradução abaixo).
O doc é baseado no livro A Short Story of Progress, de Ronald Wright. Basicamente ele vai questionar o significado de progresso. Será que nós, enquanto humanidade, estamos progredindo? Ou, antes, o que é o progresso? Daí desembocaremos no que eu achei o mais interessante, que é o conceito de "armadilha do progresso", criado por Wrigth. Cair numa armadilha do progresso significa fazer algo que parece ser bom, parece ser um passo adiante, mas que na realidade não o é, podendo, na verdade, ser um retrocesso. O exemplo dos caçadores de mamute é muito interessante (ver trad.). Penso que o conceito pode ser usado para explicar o que acontece em La Belle Verte.
Os verdes perceberam, em determinado momento, que o seu "progresso" na verdade era uma armadilha. Ter uma produção gigantesca de eletrodomésticos, satisfazendo necessidades irreais criadas por um mercado, que fazem mal aos seres humanos e aos demais seres vivos, não é um progresso, é algo ruim. Daí começaram os boicotes, as pessoas se desfizeram desses aparatos. Podemos imaginar, pois, que a questão aqui se inverte. O repúdio ao que foi antes considerado progresso é, agora, de fato, um progresso, um progresso real. O que pensariam eles da genial criação da nossa evoluidíssima industria moderna, a obsolescência programada?
Se você pega as estatísticas de incidência de câncer no Brasil, por exemplo, o maior índice é o das regiões sul e sudeste. As principais causas apontadas para esses números são o consumo elevado de carne, sobretudo a carne cheia de hormônios de animais doentes, o tabaco e o modo de vida moderno, a urbanização, ou seja, poluição, má alimentação (comida sem nutrientes, com muitos agrotóxicos), falta de atividade física. Só isso pra mim já uma incongruência gigantesca, um absurdo. Eu fico pensando, que avanço é este? Aglomerar-se em cidades de concreto, barulhentas, cheirando à fumaça, é bom pra mim? É bom pro mundo? Isso é um progresso real? Após a era industrial os verdes entraram numa espécie de Iluminismo e começaram a mudar seu estilo de vida. Substituíram o concreto pelas plantas. Eles dormem sempre ao ar livre, eles não comem carne, não comem alimentos industrializados, e consomem os alimentos crus.
Robert W. também menciona a necessidade de se frear o crescimento populacional, que haja um manejamento mais cônscio da natalidade, muito embora isso toque em questões delicadas. Percebemos também essa questão em La Belle Verte, um vez que os verdes têm as “crianças de acordo com a colheita”. Ou seja, se a colheita foi boa eles têm filhos, do contrário, não. Sobre esse assunto recomendo um documentário, também da BBC, Quantas pessoas podem viver no Planeta Terra?.
Não quero me delongar muito, mas, antes, gostaria de fazer duas ressalvas quando a fala de R. W. A primeira delas diz respeito à nossa nossa similitude ao homem da idade das pedras. Quando ele nos compara aos hominídios desse período, parece excluir as mudanças ocorridas no período neolítico, que marca, entre muitas coisas, a nossa prática acentuada da agricultura e do cozimento de cereais. Percebi a importância dessas mudanças quando eu estava tentando entender o fato de que, apesar de sermos biologicamente onívoros, há uma forte tendencia a se acreditar que nossa dieta ainda seria predominantemente vegetariana, ou seja, somos mais vegetarianos que carnívoros. Essa tendencia teria aparecido mais recentemente, no período neolítico  junto com a agricultura, cerca de 12 mil anos atrás, e não há 50 mil anos atrás. Então seríamos filhos do neolítico e não da idade das pedras. Obviamente aqui estou analisando a dieta do ponto de vista físico, "biológico", se formos analisá-la do ponto de vista ético, ideológico, ou até espiritul para alguns, isso me leva, particularmente, ao vegetarianismo estrito e ao veganismo. Mas não há dúvida de que nosso comportamento inconsequente, egocêntrico, assemelhe-se em muito ao dos homens da idade da pedra. Creio que seja mesmo nesse sentido que se esta abordando o tema. Seríamos, pensando por esse viés, nada mais do que homens disfarçados de macaco (com todo respeito aos macacos), cuja fantasia é a nossa civilização. Isso me lembra uma bela animação baseada no Bolero, de Ravel, feita por Bruno Mozzeto, que mostra a evolução de uma gota de coca-cola em diversas espécies.
Outro ponto que me deixou apreensivo é o desfecho do filme, em que R. W. fala algo sobre “ir de encontro à nossa natureza animal interior [cuts against the grain our inner animal nature]”, para que possamos continuar nos desenvolvendo em civilizações. É lógico que não podemos seguir nossos instintos indiscriminadamente, é necessário que se contenham alguns impulsos para que haja um mínimo de convivência amigável entre nós e o planeta. Freud, nesse sentido, já matou a charada: “O preço da civilização é a eterna repressão.” (Freud via Leminski). Mas o próprio Freud, Reich e outros, apontam a repressão dos instintos, principalmente os sexuais, como causa de muitos problemas e patologias mentais de nossa sociedade e indivíduos. A civilização, portanto, reprimindo o instinto, tem criado muitos problemas. É preciso ter cuidado quanto a essa repressão. Mas o que achei mais problemático, na verdade, é o objetivo de “ir de encontro a natureza”, a própria civilização. Pra mim isso não ficou muito claro. Ele sugere que a civilização é um processo falido e continua a insistir nela? Com o perdão do jogo semântico, dominar nossos instintos estaria mais ligado à civilidade do que a civilização. Eu sou mais favorável à civilidade do que à civilização. Ao relacionamento respeitável dos humanos com eles mesmos e dos humanos com os outros seres vivos. Favorável a uma volta a um modo de vida mais conectado à natureza, mais comum e harmônico. E com menos cidades!

"Cidades novas
a terra
envelhece depressa" 
(Alice Ruiz) 

Mas não precisamos, claro, esquecer todos os truques que aprendemos, afinal de contas, sem o mínimo de tecnologia não somos seres humanos, sem fogo, roda e lança, por exemplo. O que não acho certo é “sujarmos tudo de humano”, com nossas máquinas tomando o lugar dos demais seres vivos, em práticas especistas e antropocêntricas, devastando o meio-ambiente, destruindo a bio-diversidade, tudo isso para satisfazer, repito, necessidades irreais de uma "felicidade programada".
Creio que os verdes, finalizando, trocaram a civilização pela civilidade, o artificialismo pelas potencialidade naturais, a sujeição pela compaixão. Mas sem uma visão maniqueísta, bom ou mal, tudo ou nada. Eles não obliteraram seus avanços tecnológicos, as luzes apenas passaram a iluminar de outra maneira. Eles trocaram o foco.

por Júnior Vidal

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, C. Drummond. As impurezas do branco, 1978. "Felicidade programada", trecho do poema "Entre Noel e os índios".
LEMINSKI, Paulo. O Boom da poesia fácil. In Anseios Crípticos, 1986.
PESSOA, Fernando. O eu profundo e outros eus. "Sujarmos tudo de humano”, alusão ao poema "Hora Absurda".
RUÍZ, Alice. Navalhanaliga, 1980.
Incidência de câncer e modernidade: http://www.saomarcos.org.br/web/noticia/2012/01/17/regiao-sul-tem-maior-incidencia-de-cancer-no-pais-segundo-inca-617.html
http://noticias.universia.com.br/ciencia-tecnologia/noticia/2005/07/29/469162/mundo-sofre-mais-cncer.html
http://portalsbu.com.br/index.php?sec=mostra&id=16&/vida-moderna-estimula-casos-de-cancer
Revolução Neolítica e alimentação: http://reginaldobatistasartes.blogspot.com.br/2011/03/revolucao-neolitica-e-alimentacao.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Timeline_of_human_evolution
http://evolvinghealthscience.blogspot.com.br/2009/08/hemochromatosis-neolithic-adaptation.html
Sexo e Civilização: http://en.wikipedia.org/wiki/Civilization_and_Its_Discontents

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O trailer com legendas em português:

Você consegue o doc, com legendas em inglês, aqui.
Aqui uma versão com legendas em português: http://vimeo.com/56217994#at=500
Link para o filme no docverdade: http://docverdade.blogspot.com.br/2013/02/surviving-progress-sobrevivendo-ao.html


Tradução nossa de todas as falas de Ronald Wright presentes no filme:

[2:00] Ao definir progresso, eu penso que é muito importante fazer uma distinção entre bom e mau progresso. Ou seja, as coisas progridem no sentido em que elas mudam. Tanto na natureza como nas sociedades humanas parece haver uma clara tendência em direção a um aumento de complexidade como um procedimento de mudança. Nós tendemos a nos iludir de que essas mudanças sempre resultam em melhorias, do ponto de vista humano. Nós estamos agora chegando a um ponto em que o progresso tecnológico e o crescimento das nossas economias e de nossa população ameaçam a existência da humanidade [...]. 
[5:39] Eu apareci com o termo "armadilhas do progresso" [progress trap] para definir comportamentos humanos que parecem ser uma coisa boa, parecem prover benefícios a curto prazo, mas que no final levam ao desastre, porque são insustentáveis. Um bom exemplo nos remete a idade da pedra, quando nossos ancestrais estavam caçando mamutes. Eles alcançaram um ponto em que seu armamento e suas técnicas de caça ficaram tão bons que eles destruíram a caça como meio de vida em quase todo o mundo. As pessoas que descobriram como matar dois mamutes ao invés de um fizeram um progresso real, mas as pessoas que descobriram que podiam comer realmente bem empurrando uma manada inteira de mamutes penhasco a baixo, matando 200 cabeças de uma só vez, caíram numa armadilha do progresso. Eles fizeram muito progresso. Fisiologicamente, nosso corpo e nossa mente, tal qual como os conhecemos, mudaram muito pouco nos últimos cinquenta mil anos. Nós temos vivido numa civilização apenas nos últimos cinco mil anos. Isso é menos do que 0,2 por cento da nossa história evolutiva. Então, nos outros 99,8 por cento, nós fomos caçadores-coletores. E esse é o meio de vida que nos moldou. Nós somos, essencialmente, as mesmas pessoas que aqueles caçadores da idade da pedra. O que nos faz diferente deles é que a cultura decolou a um taxa exponencial e se tornou completamente distante do ritmo da evolução natural. Então nós estamos executando um software do século 21 - nosso conhecimento - num hardware que não tem sido atualizado há 50 mil anos, e nisso repousa o cerne de muitos de nossos problemas. Tudo isso porque nossa natureza esta na era dos caçadores-coletores da idade da pedra, enquanto nosso conhecimento e tecnologia, em outras palavras, nossa habilidade em fazer bem ou mal a nós mesmos e ao mundo em geral, cresceu fora de toda proporção […].
[15:28] Entre a queda do império romano e as Grandes Navegações sucederam-se 13 séculos para se somar 200 milhões de pessoas à população mundial. Agora leva apenas 3 anos. Uma coisa simples como a pasteurização, o aquecimento do leite para que as bactérias morram, e o controle da varíola, coisas como essas levaram a um grande boom no número de humanos. Então a superpopulação, coisa sobre a qual ninguém realmente quer conversar, porque ela toca em temas como crenças religiosas, liberdade individual e a autonomia da família, e por aí vai, é algo com que nós estamos tendo que lidar. Nós provavelmente temos que trabalhar na direção de uma população mundial menor do que 6 ou 7 bilhões de pessoas. Provavelmente temos que chegar a metade disso, ou, possivelmente, a um terço – se todo mundo for viver confortavelmente e decentemente. O outro lado desse problema, e talvez o mais perigoso, são as "pegadas" dos indivíduos no topo da pirâmide social, que estão consumindo mais. Alguém nos Estados Unidos ou na Europa esta consumindo cerca de 50 vezes mais recursos que um indivíduo de classe baixa num lugar como Bangladesh. Se a China atingisse o nível de consumo, vamos dizer, semelhante ao dos Estados Unidos ou da Europa, o mundo não suportaria um acréscimo de um bilhão de consumidores desse nível [...]. 
[25:30] Algumas pessoas tem escrito sobre capital natural, o capital que a natureza provem, que é o ar puro, a água limpa, as florestas preservadas, a terra cultivável, os minerais, o petróleo, os metais. Todos esses recursos são o capital que a natureza tem oferecido. E até meados dos anos 1970 a humanidade foi capaz de viver com o que nós podemos chamar de juros sobre esse capital, o excedente que a natureza é capaz de produzir. A comida que o cultivo propicia sem, de fato, degradar a terra, o número de peixes que se pode extrair do mar sem esgotar o estoque de peixe. Mas, a partir de 1980, nós temos usado mais do que o “juro”, então nós estamos, com efeito, como alguém que pensa que é rico porque esta gastando o dinheiro que lhe foi deixado como herança, não gastando os juros, mas comendo dentro do capital […]. 
[28:17] Nós ainda somos o caçador da era glacial, ele ainda esta dentro de nós. Esses caçadores antigos, que pensavam que sempre haveria outra manada de mamutes na próxima colina, compartilham o mesmo otimismo do negociante de ações, crente de que haverá sempre uma nova grande “matança” [killing = grande lucro repentino, na terminologia do mercado acionário] no mercado acionário nas próximas semanas. Se você observa a terra, digo, pelos últimos 5, 6 mil anos, e você roda o filme, o que você vê são civilizações irrompendo como queimadas florestais, de um ambiente inexplorado a outro. E depois de uma civilização surgir e consumir os recursos naturais daquela área, então ela se dissipa e outra queimada se irrompe em algum outro lugar. E agora, é claro, nós temos uma enorme civilização em todo o mundo, à qual nós devemos confrontar a possibilidade de que a experiência da civilização como um todo é, em si, uma armadilha do progresso […].
[30:53] A fé no progresso tornou-se uma espécie de fé religiosa, um tipo de fundamentalismo, um pouco como o fundamentalismo de mercado que simplesmente se esgotou nos últimos dias. A idéia de que você pode remanejar rapidamente o mercado é uma ilusão, assim como a idéia de que você pode incrementar a tecnologia e esta vai resolver os problemas criados, por si mesmos, numa fase imediatamente anterior. Isso tem se tornado uma crença bastante similar à ilusão religiosa, que fez algumas sociedades se esgotarem no passado […]. 
[33:10] O colapso parece ter sido estreitamente relacionado à devastação ecológica, o que leva a todo o tipo de problemas, sociais, econômicos, militares. Nos primeiros estágios da República Romana você tinha um razoável sistema de distribuição de terras, o camponês tinha acesso à terra pública. Mas quando o Estado Romano tornou-se mais poderoso e os senhores e generais começaram a apropriar-se de terras públicas pra criar seus próprios estados privados, mais e mais camponeses tornaram-se “sem terra”. Ao mesmo tempo, a erosão foi um problema sério, tão ruim que alguns portos assorearam com toda a terra arada enxurrada para dentro dos rios. Os arqueologistas puderam estabelecer o quão degradada estava a maior parte da Itália na queda do império romano, e como levou mil anos, com uma população mais reduzida durante a idade média, para reconstruir a fertilidade naquela região […]. 
[37:30] Eu li pichado num muro em alguma lugar que toda vez que a história se repete, o preço sobe. Se você olha para a crescente complexidade da civilização, o que você pode ver com relação ao final do período clássico Maia, por exemplo, é um enorme esforço aplicado em construir palácios e templos que eram controlados unicamente pela nobreza, e de onde, podemos imaginar, o campesinato era excluído, assim como o cidadão comum é, hoje em dia, excluído de muitos condomínios fechados em muitos países. E também, podemos imaginar, portanto, que muitas pessoas da base social estão cada vez mais desencantadas dos governantes, uma vez que sentem quebrado o contrato social que outrora existiu - que os governantes eram os mediadores entre os Deuses e eles próprios e poderiam ajudá-los a ter um bom clima e uma boa colheita, e tudo isso - quando eles perceberam que começaram a quebrar, e os governantes na verdade perderam o contato com aqueles os quais foram designados para representar. Penso que esse é um percurso que podemos ver hoje no mundo moderno […]. 
[57:30] Todas as civilizações do passado, e penso que a nossa, apenas parecem estar se saindo bem quando elas estão expandindo, quando a população esta crescendo, a produção industrial esta crescendo, e quando as cidades estão se estendendo. Finalmente atingiu-se um ponto em que a população invadiu tudo. As cidades se expandiram sobre as terras de cultivo. As pessoas da base começaram as passar fome e as pessoas do topo perderam sua legitimidade. E quando você tem fome, você tem revolução […]. 
[1:19:30] Eu penso que o que nós estamos confrontando aqui é a natureza humana. Nós temos que nos reformular, refazer-nos novamente, ir, de certa forma, de encontro a nossa natureza animal interior, e transcender esse caçador da era glacial que todos nós somos, quando é removida a fina camada da civilização. Nós temos sido sempre os pioneiros dessa experiência, nós a desatamos, mas nunca a controlamos, porém, agora, é bem provável que experimentemos um amargor, em função dos problemas ambientais. Se isso acontecer, então seria muito natural dizer que “o experimento da civilização é um experimento evolucionário falido”, que tornar os símios mais espertos é uma sentença de morte. Então cabe a nós provar que a natureza esta errada, mostrar, nesse sentido, que nós podemos tomar o controle do nosso próprio destino e que podemos nos comportar de uma maneira mais sábia, que abranja a continuidade do experimento da civilização.

"Onde há fome, há revolução..."

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Mundo É Demais Conosco

Uma tradução livre, bem livre, do poema do Wordsworth. A desconexão do ser-humano das coisas naturais já é um traço detectado de longa data. Em Belle Verte, não há dúvida de que o artifício do programa de desconexão, é, de fato, um programa de reconexão. Reconexão com a realidade da natureza, dos fatos, dos atos. Tal desconexão atual tem nos feito pensar na natureza como algo extrínseco ao nosso ser, e, por consequência, destruí-mo-la, buscando atender muitas de nossas falsas necessidades.

O mundo é demais conosco

O mundo é demais conosco; outrora e agora,
Tomando e exaurindo, desperdiçamos nossos poderes;
Pouco vemos na Natureza do que é nosso;
Atiramos fora nosso coração, sórdido presente;
Esse mar que revela o peito à lua,
Os ventos que seguem uivando às horas,
Agora unidos como flores dormentes,
Disso, de tudo, estamos desconectados;
Não nos movem. - Grande Deus! Preferiria
eu ser Pagão nutrido em credo antigo;
Então, estendido ao agradável prado,
Teria um relance que me faria menos desolado;
Teria a visão de Proteu alçando-se do mar;
Ou ouviria o velho Tritão a soprar seu corno retorcido.

[William Wordsworth, trad. Júnior Vidal]

The world is too much with us

The world is too much with us; late and soon,
Getting and spending, we lay waste our powers;
Little we see in Nature that is ours;
We have given our hearts away, a sordid boon!
This Sea that bares her bosom to the moon,
The winds that will be howling at all hours,
And are up-gathered now like sleeping flowers,
For this, for everything, we are out of tune;
It moves us not.--Great God! I'd rather be
A Pagan suckled in a creed outworn;
So might I, standing on this pleasant lea,
Have glimpses that would make me less forlorn;
Have sight of Proteus rising from the sea;
Or hear old Triton blow his wreathed horn.


[William Wordsworth]

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Soluções Locais Para Uma Desordem Global

"Alarmantes e catastróficos filmes foram feitos e eles tem cumprido seu propósito. Agora é hora de mostrar que existem soluções, dar voz a camponeses, filósofos e economistas, que estão inventando e experimentando novas alternativas, enquanto explicam o porque nossa sociedade se depara com a corrente crise, ecológica, financeira e política." (Coline Serreau. trad. nossa)








Este documentário pode ser considerado uma extensão mais prática de La Belle Verte. Tratando basicamente de temas ambientais, dá idéias (soluções) de como resolver os problemas da produção de alimentos, fugindo da "tradicional" mecanização tóxica atual. Entrevistados do mundo inteiro relatam suas experiências e nos ensinam uma agricultura mais saudável e menos impactante ao meio-ambiente. A primeira cena do doc faz uma alusão direta ao Belle Verte, com closes dos olhos de vários animais. Eu acho a música original muito bonita!
Detalhe: ainda não há legendas em português, alguém se habilita?
Aqui uma versão em espanhol: http://docverdade.blogspot.com.br/2012/10/solutions-locales-pour-un-desordre.html

Visite o site oficial. Lá você encontra o trailer e muitas outras informações:
http://www.solutionslocales-lefilm.com/

Abundância

"A possessividade é a fonte da escassez." (Satish Kumar)
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Na media em que os "verdes" limitam o uso de utensílios, fundindo metal uma vez por ano, vivendo ao ar livre, sem abrigos construídos, eles automaticamente criam a abundância. Quanto menos necessidades eles têm (ou criam), mais satisfação é atingida. Atualmente os partidários da simplicidade-voluntária agem de maneira semelhante, não apenas pensando em seu bem-estar, mas de todo um sistema, evitando o desperdício de recursos, resguardando a vida de animais e plantas.

Júnior Vidal
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"Os povos mais primitivos da terra tinham poucas posses, mas eles não eram pobres. Pobreza não é uma pequena quantia de pertences [...]; é, acima de tudo, uma relação entre pessoas. Pobreza é um status social." (Marshal Sahlins)

REFERÊNCIAS:

KUMAR, Satish. Jainismo: plural por princípio.
Link: http://tautologiatotal.blogspot.com.br/2012/11/jainismo-plural-por-princicio.html
SAHLINS, Marshal. The Original Affluent Society.

Humor

"Contra piadas não há argumentos." (Franz Kafka)
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Uma das maneiras mais eficazes de chamar a atenção de alguém é através do humor. Nele, se a piada for boa, e estiver em sintonia com as vivências e expectativas do interlocutário, a troca de informações ocorre sem traumas, nem tédio. No humor podemos tratar de assuntos singelos, pueris, ou de assuntos de grande "importância" e profundidade. La Belle Verte, pra mim, enquadra-se no segundo caso. Através de um humor fino e vivaz, a atenção do espectador é mantida ativa, em meio a um conteúdo extremamente crítico ao ethos/mores/behaivor/comportamento artificializante da nossa sociedade atual (e antiga, visto que somos uma decorrência de civilizações antigas, de suas religiões, filosofias e tecnologias). A idéia do humor não é nova: Ridendo castigat mores (rindo castiga-se o costume/comportamento), reza a máxima voltairiana, apropriado pelo teatro de Molière. A comédia no teatro, diga-se, é bem mais antiga que um "Avarento", remonta à Aristófanes, mutadis mutandis, desembocando no século XX em Alejandro Casona, por exemplo. No cinema, tudo idem, a idéia de misturar coisa séria com comédia também não é nova. Ilha das flores, Brazil, Meu Tio, A Vida é Bela, La Belle Verte.

Júnior Vidal
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"Rir é o melhor remédio, achar graça, a única saída" (p. leminski)

O vício

As flores que nossa alma descuidada
Colhe na mocidade com mão casta,
São belas, sim: basta aspirá-las, basta
Uma vez, fica a gente enfeitiçada.

Nascem num prado ou riba sossegada,
Sob um céu puro e luz serena e vasta;
Têm fragrância subtil, mas nunca exausta,
Falam d'Amor e Bem à alma enlevada...


Mas as flores nascidas sobre o asfalto
Dessas ruas, no pó e entre o bulício,
Sem ar, sem luz, sem um sorrir do alto,

Que têm elas, que assim nos endoidecem?
Têm o que mais as almas apetecem...
Têm o aroma irritante e acre do Vício!


(Antero de Quental)

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A bela verde, quando chega à terra, sente um choque. A poluição do ar, a poluição sonora, os alimentos tóxicos, a falta de água natural, todos são fatores que lhe causam estranheza. Ou seja, ainda não estava habituada a conviver com tudo isso, ainda não estava "viciada".


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Max e o motorista

Parte do diálogo dessa cena, um quase monólogo de Max [trad. nossa]:

-[Max] É horrível o que te aconteceu!
-[Condutor] O quê?
-[Max] Eu disse "é horrível o que te aconteceu!" 
Na terra há quatro caras em cinco que morrem de fome. Há os que vivem em cavernas por causa de bombas. Os que apodrecem de câncer e de aids nos hospitais. E há mulheres que são violadas por quatro caras ao mesmo tempo para que saibam melhor quem é o chefe. E há você! E te aconteceu uma coisa horrível! Nós encostamos no seu retrovisor!
-[Condutor] Meu senhor, acalme-se, meu senhor.
-[Max] Há as árvores acima de você, com folhas que se mexem com o vento. Já olhou para as árvores? Há a sua mulher, que é bela e que perde a juventude te cozinhando creme de cogumelos enquanto você a trai. E os seus filhos com a pele macia e bela. Já agradeceu alguma vez na vida pela pele macia dos seus filhos? E há as vacas que te fazem leite, manteiga e queijo todos os dias, já disse "obrigado" às vacas?!!!
-[Condutor] Mas você esta louco, meu senhor?
-[Max] Ela é bela, sua vida é bela, meu caro. Ela é bela, bela, bela pra valer. Mas, nossa!, o problema é que encostamos no seu retrovisor. É horrível! horrível!


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Considero essa uma das melhores cenas do filme. O motorista (à esquerda da foto) fica furioso porque o carro conduzido por um dos filhos da bela verde toca o retrovisor de seu carro. Ele não se mostra em nem um momento disposto a ouvir os pedidos de perdão de Max, que chega a postar-se de joelhos. Ele só repete insistentemente: "idiota", "idiota", "idiota".  Max não resiste à investida agressiva do motorista e solta o verbo num discurso inflamado. A partir daí o motorista já começa a mudar a sua postura. Para completar, ele sofre ainda uma dupla desconexão (Mesaje e Mesaul o desconectam). Curiosamente, seguido ao seu rompante de violência, o motorista, após a desconexão, é capaz de pronunciar apenas duas palavras, são algumas das ditas "palavrinhas mágicas": perdão e obrigado. Também não é à toa escolher essa situação, um "problema" de trânsito, para exemplificar um momento de explosão raivosa. Isso já é um fato corriqueiro e bem conhecido em muitas sociedades. Eu até hoje tive apenas um problema andando de bike por aí, e até hoje não entendo porque o motorista de um carro olhou nos meus olho e disse, vagarosamente, de boca cheia, "seu iiidiiiooota!". Confesso que eu não estava de todo certo, mas ele também não. A ofensa dele não serviu pra nada. Se fosse outro, retrucava o xingamento, o que também não iria acrescentar nada ao "problema". Eu sorri, pedi desculpas, e continuei ouvindo meu Doors.

Júnior Vidal

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A cena em questão:

Na loja de música


Diálogo:

- [Max] Senhora, você sabe com quem está falando?
- [Mila] Com você... estou falando com você...

Max boicotando a TV


Civilização II


"Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas
e que nunca descobriste que eras bruto,
e que nunca inventaste a maneira de o não seres
Tu consegues ser cada vez mais besta
e a este progresso chamas Civilização!"

[Cena do Ódio, Almada Negreiros]

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Internet!

"Ao longo dos anos La Belle Verte começou a existir, a despeito de todos os obstáculos. Começou a crescer, a se impor, como um ser vivo, pela necessidade que as pessoas tinham do filme e do que ele clamava ao mundo. Apareceram sites na internet, clubes Belle Verte, grupos de pessoas que se reuniam para assistir o filme juntos e discutí-lo. Estaria eu à frente do meu tempo? Estamos, por acaso, à beira de um precipício em que se faz necessário colocar em xeque todos os nossos valores, radicalmente, para que se possa inventar uma nova sociedade?" (SERREAU, La belle verte, 2009. Imagem da contracapa do livro. trad. nossa)

O filme

Sinopse:

"Em um planeta longínquo vive um povo que se assemelha ao nosso. Tal povo se desenvolveu em direção a um retorno à natureza e privilegia a comunicação e o apoio mútuo. Depois da grande assembleia anual, as viagens intersiderais são programadas, mas ninguém quer ir para a Terra. Por motivos pessoais, Mila decide fazer uma visita aos terráqueos." (YGREC, p. 15, trad. nossa)






O filme no youtube com boa qualidade. É preciso selecionar a legenda em português. Outra opção baixá-lo através de um aquivo torrent, disseminado já em diversos blogs na internet.



Com não tão boa qualidade:

Filme La Belle Verte (Turista Espacial) - Legendado PT-BR (completo) from kraspedom on Vimeo.

Cartão de apresentação do filme:
 

Tradução dos textos:

A HISTÓRIA

Mila deixa seu distante planeta e aterriza em plena Paris. Ela encontra pessoas irascíveis que vivem em meio a um ar irrespirável e comem qualquer coisa. Essa alimentação lhe faz mal e ela precisa se “recarregar”, através do contato com recém-nascidos, dirigindo-se, portanto, à uma maternidade.
A enfermeira, Macha, e o chefe de serviço, Max, surpreendem-na. “Desconectado”, Max passa do estresse agressivo à consciência da futilidade de tanta agitação e das aparências, que era como agia anteriormente com sua mulher Florence e e seu filho Raoul. Ele sonha com o estado de felicidade que reina sobre o planeta de Mila, depois que todas as noções como lucro e pobreza foram abolidas. Bombardeados por ritmos musicais modernos, Mila os faz descobrir os prazeres da música de Jean-Sébastien Bach, que também é um enviado de seu planeta à terra, assim como, alguns séculos antes, aquele que foi crucificado pelos humanos, Jesus Cristo. Mais adiante, Max faz de tudo para permitir que Macha fique com o bebê que, abandonado pela sua mãe bósnia (pois seu pai é sérvio), deve ser confiado à DDASS.
Não vendo sua mãe retornar, os filhos de Mila, Mesaje e Masaul, decidem vir encontrá-la na terra. Um erro os faz aterrizar entre uma tribo da Austrália que, com costumes muito próximos aos da sua própria civilização, não correspondem em nada à descrição dos terráqueos feita por sua mãe. Ela comunica-lhes sua localização geográfica por uma mensagem telepática, que tem o efeito de causar uma pane em todos os aparelhos eletrônicos do ambiente. Ela lhes acolhe em Paris junto com Macha e sua irmã Sônia. Os rapazes se apaixonam imediatamente pelas irmãs e levam-nas consigo para o seu planeta junto com o bebê.

A PEQUENA HISTÓRIA

Coline Serreau já havia feito o papel principal de um filme, junto com Francis Perrin, mais de vinte anos antes desse que agora lança. Tratava-se de ON S'EST TROMPÉ D'HISTOIRE D'AMOUR (Estávamos errados sobre uma história de amor), do qual também foi co-roteirista, em companhia do diretor Jean-Louis Bertucelli. Tendo oferecido um papel, pequeno mas de destaque, ao seu antigo parceiro, ela pôde reencontrar também alguns intérpretes de seus filmes precedentes, principalmente os de La Crise: Vincent Lindon, Patrick Timsit, além de Didier Flamand, sempre na figura de homem político. Formada na sua juventude tanto em música quanto em teatro, ela própria escreveu a trilha sonora do filme, que também conta com músicas de outros compositores modernos e clássicos. Muitas cenas do filme proporcionam o encontro com artistas de todo tipo, dançarinos, músicos (“Le Quatuor” [quarteto musical humorístico]), cantores, ou, como no caso dos dois intérpretes dos filhos de Mila, acrobatas de circo (da troupe de Annie Fratellini). A escolha do elenco ficou a cargo de Margot Capelier, veterana nessa área, que também aparece, ela própria, entre os habitantes do outro planeta, durante a cena de abertura, rodada em Auvérnia, sob as encostas que levam a comuna de Volvic.

Bibliografia comentada

BIBLIOGRAFIA CENTRAL:

*  ANSELMI, Michele. "La Terra? No grazie, mi rende nervosa". l'Unità, 4 de maio de 1997.
Michele Anselmi definitivamente não gostou muito do filme. Apesar disso, pôde fazer comentários bastantes lúcidos, apontando algumas intertextualidades entre La Belle Verte e outros filmes. Lembra da semelhança do filme de Serreau com O Planeta azul (Franco Piavoli, 1981), ambos ligados à natureza - atenção para o fato de que em italiano o título de La Belle Verde é Il pianeta verde (O planeta verde). O artigo também sugere uma analogia entre Belle Verte e Os visitantes (Jean-Marie Poiré, 1993). Em Os Visitantes temos duas figuras que fazem uma viagem no tempo, de 1123 à 1993, o que engendra diversos conflitos. Eu particularmente achei Os Visitantes bem menos crítico, atrelado muito mais à mímica dos personagens e à admiração pura e simples do “Mundo Novo”. A articulista também critica a falta de ironia com relação ao Planeta Verde, representado como uma lugar perfeito: “Coline Serreau se faz muito séria. E se tem razão em observar os costumes ambientais e alimentares dos terráqueos, querer-se-ia que se aplicasse também um pouco de ironia à utopia do Planeta Verde.” Por fim, Michele conclui: “Mas, francamente, Coline Serreau, atriz mediana e diretora espirituosa, já fez melhor no passado.”
Link para o texto: http://archiviostorico.unita.it/cgi-bin/highlightPdf.cgi?t=ebook&file=/golpdf/uni_1997_05.pdf/04SPE03A.pdf&query=serreau

*  CARFANTAN, Serge. La Belle Verte de Coline Serreau - sur le thème nature e culture. Philosophie et spiritualité, 2002.
Breve ensaio sobre o filme com algumas arguições de telespectadores ao final. Com análises inteligentes, abordando vários aspectos sociais. Aqui um trecho sobre a "desconexão":
"Na verdade, "desconectar", aqui quer dizer desligar um indivíduo de um sistema que o vampiriza, nutre e envenena ao mesmo tempo. Mas não o tira do real para submergi-lo em uma ilusão e, sim, liberta-o da ilusão de uma vida falsa e artificial e o reconecta ao real, ao sair da alucinação cotidiana. Desconectar não significa mergulhar num sonho, mas sair do pesadelo da vida cotidiana; viver verdadeiramente com uma lucidez mais refinada, uma sensibilidade mais viva, um amor mais verdadeiro e sincero. É regressar à natureza, uma vez que somos, da cabeça aos pés, um produto cultural, um tipo de máquina moderna alimentada pelo sistema social."
Link para o texto.

*  FERREIRA, Wilson Roberto V.. Mitologia Ufológica e Gnosticismo na ficção científica francesa "La Belle Verte". Cinema Secreto: Cinegnose, 4 de maio de 2011.
Chamou-me a atenção a relação feita entre Mila, a protagonista de Belle Verte, e o ser mitológico Sophia. Na tradição gnóstica, Sophia é uma figura feminina análoga à alma humana, mas que também encarna alguns aspectos femininos de Deus. De sua parte, Mila também apresenta certa hibridez, sendo uma mestiça, pois sua mãe era terráquea.
"[...] a grande virtude do filme "La Belle Verte" é apresentar essa gnóstica desconexão não como um fenômeno de reforma puramente íntimo, místico ou abstrato. A desconexão implica numa ação sociopolítica de quebra da ordem: a negação dos papéis sociais prescritos pela sociedade ao ponto de produzir anárquica contestação da hierarquia e desobediência civil." Link para o texto: http://cinegnose.blogspot.com.br/2011/05/mitologia-ufologica-e-gnosticismo-na.html

*  HORGUELIN, Thierry. La Belle Verte. 24 Images, nº 85, 1996-1997.
Link para o texto:
http://www.erudit.org/culture/images1058019/images1080729/23572ac.pdf

*  LAMOUR, Mathieu. La Belle Verte: un outil pour dessinir une renaissance [O Belo Verde: uma ferramente para desenhar o renascimento]. AgoraVox, 2012. Link: http://www.agoravox.fr/culture-loisirs/culture/article/la-belle-verte-un-outil-pour-113323
"Sob a forma de um conto filosófico, o filme aborda temas tão variados como anti-conformismo, ecologismo, decrescimento, feminismo, humanismo, pacifismo, valores sociais e também o repúdio a tecnologias nocivas, por meio do diálogo e de situações humorísticas."
"Através da visão de um visitante longínquo, nossas premissas são alegremente ameaçadas pela exposição de nosso quotidiano muitas vezes sem sentido. A habilidade da crítica está em usar a inocência e a incompreensão mais do que julgamentos e condenações. Isso confere ao filme uma série de situações cômicas, tão engraçadas quanto intrigantes: primeiro rimos, depois refletimos."

*  MANDOLINI, Carlo. La Belle Verte - Entre Hale-Bopp et Sirius. Critiques, nº 191, 1997.
Link para o texto:
O texto lembra que Serreau, com o filme, aborda, criticamente, muitos aspéctos de nossa sociedade: o fracasso humano, a ansiedade pos-moderna, a toxicidade. Predica, ao final, de que o século XXII só será possível se atentar à algumas demandas de câmbio social, sugeridas no filme.
"Pois, apesar do seu discurso ser bastante simples, gentil e divertido, La Belle Verte é a história de um fracasso, o fracasso da espécie humana."
"Serreau parece, na verdade, querer voltar às origens (isso é bem evidente nas primeiras cenas, muito interessantes, por sinal) para construir um novo paraíso para a humanidade."
http://www.erudit.org/culture/sequences1081634/sequences1142205/49317ac.pdf

*  MASTROIACOVO, Raffaella. Il Pianeta Verde. reVision, 1997.
O texto se inicia com uma resenha bastante completa do filme. Comenta-se o fato, que eu não havia percebido, de que o artifício de recarregamento com recém-nascidos também é uma espécie de programa, assim como o programa de desconexão, enviado junto com Mila em sua expedição a terra. Muito interessante a comparação com outros filmes de Serreau, detectando-se a recorrência da figura do personagem puro, imaculado, "assolutamente incontaminato", que vai atuar como motor de uma tomada de consciência sobre o absurdo e a hipocrisia. Em La Crise temos o mendigo, em Três solteirões e um bebê temos o próprio bebê, em Romeu e Julieta temos a senhora africana, que se mostra mais esperta que o seu patrão, homem de negócios. Em La Belle Verte temos Mila, claro. Por fim, a articulista compara o começo bucólico do filme à um certo estilo pasoliano e sugere que o final, dançante e circense, seja uma homenagem a Fellini, caro a desfechos movimentados. "À parte alguma ingenuidade e alguma banalidade, que mantêm a fé nos discursos programados, o filme se faz lembrar, de bom grado, graças à jocosa comicidade de muitas cenas e a total veracidade do assunto inicial: estamos num estágio evolutivo muito 'Terra Terra'."(Mastroiacovo)
Link para o texto: http://www.revisioncinema.com/ci_verde.htm

*  ROLLET, Brigitte. Coline Serreau. Manchester University Press, 1998.
Sobre a diretora como um todo. Biografia, catálogo de obras e análises. Ótimas reflexões sobre Belle Verte, apontando algumas intertextualidades com Voltaire (Cândido) e Rousseau (Emílio, Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens).

*  SCHILLACI, Fillippo. Il Pianeta Verde, quando il cinema guarda lontano [O Planeta Verde, quando o cinema enxerga longe]. Terra Nauta, 4 de fevereiro de 2010.
Muito bom artigo. Vai apontar alguns pontos bastante interessantes. Ele detecta, por exemplo, um rompimento de paradigma no que tange os filmes de ficção científica, acostumados a relacionar civilizações avançadas à tecnologia abundante, engenhosa e de presença constante: “Eles [os verdes], que traçam um impetuoso retrato de tudo o que é descrito em nossos livros de história como motivo de orgulho [...], são exatamente o contrário do estereótipo de civilização super-avançada que estávamos acostumados a ver em setenta anos de filmes de ficção científica”. Achei muito feliz também a observação de que o começo do filme faz uma fusão de olhares - humanos e não humanos - somados a água, terra, vegetação, numa evidencia de que estamos todos aparentados, formando um uno (tenho pra mim que o programa de desconexão busca, no geral, justamente nos “reconectar com o uno”). Uma ressalva que Schillaci faz é ao uso das faculdades paranormais, dando um tom demasiado inverossímil ao filme. De certa maneira ele tem razão. Mas o fato é que, se você for analisar, o uso das nossas faculdades mentais (sobretudo no ocidente) é extremamente limitado. Alguns sadhus e yogis da índia podem fazer coisas impressionantes, com treino mental, o que poderia simplificar muitos problemas hoje resolvidos através de instrumentos e remédios, como o controle da dor, do estresse, a auto-cura, para citar alguns exemplos. Todo mundo conhece o poder da fé, todo "médium" sabe que pode usar a fé de um fiel para lhe "curar" (geralmente apenas a dor é controlada), a medicina moderna admite não ter respostas para muitos desses casos, por que não estudar, à sério, tais fenômenos, e incluir essas técnicas ao nosso cotidiano? Poderíamos admitir até mesmo a telepatia, se houvessem mais estudos, silêncio e menos poluição de toda ordem. Telepatia é aquele tipo de coisa que todo mundo sabe que existe, em certo nível (baixo?), mas ninguém sabe como funciona exatamente. Por fim, o articulista comenta dois textos veiculados à época do lançamento de La Belle Verte, concluindo que: “Os jornalistas do planeta terra parecem alérgicos à ideia de uma humanidade 'suave' e 'livre da barbárie'. Coisa de maricas, obviamente; na barbárie, parecem sugerir, há certamente mais vigor, mais variedade, mais movimento.”
Link para o texto: http://www.terranauta.it/a1788/cultura_ecologica/il_pianeta_verde_quando_il_cinema_guarda_lontano.html

*  SERREAU, Coline. La belle Verte - scénario et postface de Coline Serreau. Actes Sud, 2009.
Livro com o roteiro do filme e posfácio de Coline. O posfácio fala da trajetória do filme, da dificuldade de arrecadar verba, do material teórico para montar os personagens etc. Vários trechos do roteiro original não foram para o filme, então podemos encontramos diálogos mais abrangentes. O livro acompanha um DVD (legendas em inglês) com muitos extras e com o trailer oficial.
Link para comprar: http://www.sosculture.net/56-dvd-la-belle-verte-9782742782901.html

*  YGREC. "La Belle Verte" - Retrouver sa nature [A bela verte - reencontre sua natureza]. Collection "De l'oeil à L'Être", 2009.
Breve apanhado sobre o filme. Faz um estudo de personagens e de algumas cenas pontuais. Também há uma entrevista com telespectadores.
Livro no google.
Conteúdo e links para comprar.

BIBLIOGRAFIA PERIFÉRICA:

*  HENRY, Thoureau. A desobediência civil, 1848.
Quando os "verdes" se recusaram a utilizar meios que lhes causassem danos, estavam praticando uma forma de desobediência. Este livro é um ensaio que trata de como discordar de padrões impostos e fixados, sociais e políticos, principalmente.
Você pode achá-lo na biblioteca mais próxima, ou em muitas fontes da internet.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Indústria e desperdício

"Os homens primeiro sentem o necessário, depois atentam para o útil, em seguida advertem o cômodo, mais adiante deleitam-se com o prazer, daí dissolvem-se no luxo, e finalmente enlouquecem dilapidando o substancial." (Vico via A. Bosi)
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Apesar de possuírem uma tecnologia avançadíssima, com direito a viagens inter-estelares e programas de desconexão, tais recursos entre os "verdes" são usados com comedimento. O uso da tecnologia é limitado, o mínimo necessário é investido para saciar necessidades básicas e fundamentais. Não se podem deixar, de todo, alguns utensílios de uso corrente, mas até mesmo o acesso ao fogo é restrito, utilizado uma vez ao ano para forjar facas. Antes o que havia era o que eles chamam de "era industrial", que se encerrou através de boicotes e de processos judiciais contra fabricantes de produtos nocivos aos seres humanos, animais e plantas: indústrias agro-alimentares, químicas, indústrias de tabaco e álcool, farmacêuticas, nucleares, arquitetos, muitos médicos e políticos que enriqueceram com isso. Na utilização da tecnologia o que impera é o bom-senso, são os objetivos comuns que devem ser levados em conta e não um objetivo individual, como antes se fazia, que proporcionava o enriquecimento de um número pequeno de indivíduos e corporações, através da "produção em massa de produtos inúteis", artificiais, tóxicos, de difícil absorção pela natureza, que quando descartados causam sérios danos ao meio ambiente. Para compensar o desprendimento tecnológico, a energia é direcionada ao devolvimento das potencialidade naturais do ser humano, como o fortalecimento do corpo, das faculdades mentais, dos sentidos. Mas sem tecnologia não há cinema, de onde podemos deduzir o caráter "anti-art" de La Belle Verte, corrente que tem bases já antigas, como o movimento situacionista Frances, encabeçado por Guy Debord, que, grosso modo, vai criticar justamente o "american way of life" alienante e consumista.

Júnior Vidal
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"Criaturas humanas! Vós, que cometeis
desnecessariamente erros inumeráveis,
ousais ser professores de tantas ciências!
Coisa nenhuma escapa à vossa diligência,
às vossas descobertas, mas há uma arte
que ainda não sabeis e que não perseguis:
é ensinar o bom-senso a quem carece dele."


(discurso de Teseu, da peça Hipólito, de Eurpipedes)


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Sobre boicotes e processos:

Coline Serreau

Cartão informativo sobre a diretora:


Tradução nossa do texto:

Coline Serreau

Notícia Biográfica

Filha do diretor de teatro Jean-Marie Serreau e da escritora Geneviève Serreau, Coline nasceu em Paris, em 1947. Depois de completar o ensino secundário, ela estudou Literatura, aprendeu órgão e musicologia no Conservatório1, trapézio na escola de circo2 e iniciou-se na dança, clássica e moderna. Optou, finalmente, pela arte dramática, tornando-se aluna de Andréas Voutsinas.
Em 1970, estreou no Théatre du Vieux-Colombier e apareceria pela primeira vez frente às câmeras em um filme de Robert Enrico, Un peu, beaucoup, passionnément [Bem-me-quer, mal-me-quer3]. Sua carreira de comediante foi lançada principalmente sobre os palcos onde encarnou as heroínas de Shakespeare, em Sonhos de uma noite de verão, Como lhe aprouver, Othelo – onde ela é Desdêmona. Atuou também em peças de Coluche, Romain Bouteille, Pirandello, além de peças de sua própria autoria. Ela obteria seu grande sucesso teatral, de fato, com Quisaitout et Grôbeta, peça criada em 1994, a qual escreveu e atuou, reservando-lhe um papel de clown.
No cinema, é o destaque de On s'est trompé d'histoire d'amour [Estávamos errados sobre uma história de amor] (1974), de Jean-Louis Bertucelli, com quem dividiu o roteiro. Devido à sua genuína vocação, Coline não tardou em realizar seus próprios textos. Ela traçou seus caminhos atrás de uma câmera com um curta-metragem ficcional feito para a televisão, Le rendez-vous [O encontro] (1975). Voltaria às telinhas, em 1979, com a reportagem, Avós de Islã, e o espetáculo Édipo Rei, de Sófocles, montado para a TV italiana RAI.
Enquanto fazia suas duas incursões televisivas, ela realizou o desejo de assinar, para o cinema, dois longas-metragens, Mais qu'est-ce qu-elles veulent? (Mas o que é que eles querem?) e Porquoi pas! [Porque não!]. O primeiro é uma montagem de entrevistas com mulheres. Apresentado no festival de Cannes de 1977, valeu à sua autora a reputação de cineasta feminista. O segundo, que coloca em cena um ménage à trois (com Sami Frey, Christine Murillo e Mario Gonzalez como intérpretes), é uma fábula repleta de encanto e humor sobre a liberdade sexual e a intolerância.
Em Qu'est-ce qu'on attend pour être heureux! [O que esperamos para ser feliz!], os figurantes de um comercial de televisão fazem uma greve e raptam o produtor que os explorava. Ao final de uma noite de luta e festa, todos aprendem o sentido de palavras como amizade e solidariedade.
Coline Serreau enfrentou muitas dificuldades para estabelecer seu próximo projeto: a história de três solteirões confrontados à chegada inesperada de um bebê, que chacoalhou o conforto e os hábitos dos rapazes. Com a interpretação de um trio eficaz – André Dussollier, Roland Giraud e Michel Boujenah – Trois hommes et un coufin [Três solteirões e um bebê] foi um verdadeiro sucesso, não apenas na França, mas em todo o mundo, diferentemente do trabalho seguinte, Romeo e Julieta, que experimentou um triste fracasso. O grande público mostrou pouco interesse por essa sensível defesa em favor da tolerância: um PDG4 (Daniel Auteuil) e uma funcionária da limpeza noturna amam-se como um par perfeito.
Coline Serreau reencontrou o sucesso com La crise, que esboça a análise de uma sociedade desordenada. O desmembramento da família, o egoismo, a indiferença e a incomunicabilidade são descritos com humor, mas não sem os percalços amargos de Vincent Lidon, sejam profissionais, sociais ou sentimentais. A cineasta confirmou seus dons de observação e seu talento de fabulista, já nos títulos de seus filmes: Qu'est-ce qu'on attend pour être heureux! [O que esperamos para ser feliz!] e Porquoi pas! [Porque não!]5
Por fim, em 1996, volta a manipular as câmeras, mas também se a mantém à frente delas: ela interpreta uma cândida extra-terrestre, desvelando nossa sociedade de consumo, com o filme La belle verte [A bela verde], do qual é também autora e diretora.6

NOTAS:

1  O texto não especifica, mas trata-se provavelmente do conservatório de Paris.
2  Sabe-se que estudou na Escola Nacional de Circo Annie Fratellini.
3  Referência ao jogo de arrancar pétalas de uma flor.
4  Presidente, diretor-geral de uma empresa.
5  Não parece muito claro porque citar apenas esses dois títulos, sendo que outros também revelam um tom moral, como Mas o que é que eles querem!
6  Após a publicação desse cartão informativo, Coline Serreau lançou muitos outros filmes. Um deles, o mais recente, de 2010, é o documentário Soluções locais para uma desordem global, que desperta nosso interesse por tratar de questões ambientas, tema que também desponta em La belle verte. Você encontra a filmografia completa dela aqui: http://fr.wikipedia.org/wiki/Coline_Serreau.

Algumas imagens da diretora do filme:
Da esquerda para a direita: Line Renaud, Rachida Brakni e Coline Serreau. 




Nas gravações de Romeu e Julieta, 1989.


Em Qu'est-ce qu'on attend pour être heureux! (1982)

Em Porquoi pas! (1977)  

Em On s'est trompé d'histoire d'amour (1974)

Em Qu'est-ce qu'on attend pour être heureux! (1982)

Em La Belle Verte (1996)



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Apresentação/uso

Olá! Blog dedicado ao filme La Belle Verte (1996), dirigido por Coline Serreau. O intuito é divulgar tudo sobre o filme (muita coisa?). Links, bibliografia, vídeos, entrevistas, coisas sobre o filme e os assuntos que o mesmo tangencia. Há alguns textos/análises minhas também. Nem todas as referências estarão em português, mas alguns textos eu traduzo. Não entendo bulhufas de Webdesign,  então me perdoem pelo layout lacônico, ou algum problema que venha a aparecer nesse sentido. Este blog está  em constante construção, estou sempre acrescentando informações que encontro e ainda faltam textos para publicar e concluir. Muitos posts contém spoilers, então convém assistir o filme, se você ainda não assistiu, antes de navegar por aqui mais livremente. Se você for utilizar um texto do blog, preferencialmente comunique antes, e, claro, de a referência da fonte, assim outras pessoas interessadas poderão chegar aqui. Os Marcadores são uma boa ferramente de navegação. Espero que seja útil. E agradável!